A mercadificação da beleza humana



 A mercadificação da beleza humana é percebida desde os meios televisivos até as peças de publicidade, porém esse fenômeno pode ser visto em uma abrangência muito maior nos apps de relacionamento, onde podemos ver que a figura humana se torna um produto em um mercado onde apenas os mais bonitos são escolhidos (e que atire a primeira pedra quem nunca escolheu o boy mais bonito ou a mina mais top para conversar no app).

Podemos ver um exemplo nítido do “Açougue de beleza” nos aplicativos estilo Hot or Not, Tinder, etc., onde o usuário escolhe quem gosta ou não “com base no perfil” dos outros usuários. Mas sabemos que grande parte dos usuários destes apps se importa apenas com a beleza.

O padrão de beleza esperado nos apps de relacionamento causa, em muitas pessoas, uma sensação de inferioridade ou até mesmo de incapacidade (vamos ser sinceros... todos temos ou já tivemos medo se ser rejeitados nos apps... até porque sempre vai ter aquele bofe trincado e aquela mina mega gostosa competindo conosco nos apps). Essa sensação de inferioridade pode levar as pessoas a criarem os famosos perfis fake (ou catfish) para que de alguma forma se protejam atrás da imagem de outra pessoa que atinge os padrões de beleza impostos pela sociedade atual. 

Então, nos perguntamos “de onde surgiu este padrão de beleza imposto a nós atualmente?”, “como que eu conseguirei me dar bem em um app sem estar dentro destes padrões?” A resposta a estas perguntas não são simples, vivemos em uma sociedade onde a beleza vale muito mais do que o intelecto, nosso capital cultural esta sobrecarregado de interesses na aparência. A sociedade contemporânea se importa muito mais em nos ver andando com pessoas bonitas e bem afeiçoadas do que com pessoas de um bom caráter que possam, por sua vez, não serem tão bonitas assim.

 Infelizmente, vivemos em um mundo onde somos sim julgados pela nossa aparência, pelas nossas roupas e pelo nosso linguajar, um mundo onde a última coisa que é julgada em nós é nosso caráter, nossa inteligência e nosso intelecto. Neste mesmo mundo onde a beleza é algo tão importante, podemos perceber nitidamente que ela é volúvel, tudo o que é belo no dia de hoje, amanhã já se torna algo brega. Quando nos deparamos com este arquétipo de perfeição dos aplicativos, temos que nos lembrar sempre de que somos perfeitos do jeito que somos, e temos que gostar das pessoas pelo o que elas são, e não pela beleza exterior que a mesma possui, afinal como diz aquele ditado popular “mais vale um burro que me carregue do que um cavalo que me derrube”, ou trazendo para a atualidade, “mais vale um perfil verdadeiro que me aceite do que um fake que me iluda”.


Allan Szmid

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